Juros e a incorporação de renda

Estamos acompanhando a recente mudança da política de corte de juros americana e também vivendo diversas alterações no cenário econômico nacional, que culminaram na redução do ritmo de corte de juros anunciado na primeira semana de maio pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Temos ainda a previsão de grandes impactos fiscais que estão por vir com a calamidade vivida no Rio Grande do Sul, o que sustenta previsões ainda mais conservadoras para a nossa economia.

Não é à toa que o relatório mais recente do Boletim FOCUS do Banco Central aumentou sua projeção pela segunda semana consecutiva e a expectativa agora é de encerrarmos 2024 com a Selic em 9,75%. Sendo um indicador-chave, a Selic continua a influenciar a economia, e sua queda, mesmo que em ritmo mais lento do que estávamos prevendo, reduz a rentabilidade dos investimentos pós-fixados de renda fixa, como CDBs e poupança.

No cenário de redução da taxa Selic, a economia “real” captura os recursos do mercado financeiro, e , claro, produtos com geração de renda, tornam-se bastante atrativos, projetando ganhos reais acima da inflação e que devem ser considerados. Isso sem mencionar as características conservadoras desses ativos de renda. A correlação da taxa de juros e mercado imobiliário proporciona ganhos mais elevados para os agentes que enxergam as tendências e se movimentam, trocando de posição, antes de efetivamente ocorrer os aumentos ou reduções da taxa básica de juros.

O negócio que é relativamente novo se apresenta como uma oportunidade para quem procura diversificar a carteira de investimentos e para quem busca expandir a receita com segurança em lastro imobiliário e/ou famílias com focos sucessórios na obtenção de renda para as próximas gerações. Diferentemente de uma incorporadora tradicional, que foca principalmente na geração de lucros por meio da venda das unidades imobiliárias, esse tipo de operação também se envolve na venda de ativos patrimoniais.

Empresas que atuam neste segmento desenvolvem e adquirem propriedades, como prédios comerciais, residenciais, shoppings, dentre outros, e as gerenciam para gerar renda. Por isso, oferecem uma mistura de renda estável, por meio dos aluguéis – o que soluciona a questão da liquidez -, e potencial de ganhos de capital com a venda de propriedades. É uma abordagem mais dinâmica na gestão de ativos imobiliários, permitindo que a empresa se adapte às mudanças do mercado e capitalize em oportunidades de venda.

Ou seja, investir em ativos imobiliários, com foco em renda por meio de cotas, pode ser uma estratégia para aumentar o rendimento, reciclar o portfólio ou realocar capital para proteger seu patrimônio e ter ganhos reais acima da inflação. Vale considerar também que vivemos em um país com cultura patrimonialista, no qual, historicamente, o valor dos imóveis valoriza mais do que a inflação, um mercado que sempre se fortalece e que surpreende nos ganhos de valorização imobiliária ao longo das últimas décadas.

*Marcos Blanche – Sócio da BP Real Estate Pro.

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