Na sexta-feira, 11/7, a partir das 19h, será realizada uma visita guiada e gratuita com a artista e o curador
A exposição “Lições da Pedra“, de Naira Pennacchi, com curadoria de Mario Gioia, chega ao Museu Fama neste sábado, 12/7. Composta por pinturas em pigmentos endurecidos sobre teleiros, a produção é dedicada aos vídeos e uma investigação sobre os saberes dos Interiores Brasileiros. Esta é a primeira itinerância de sua exposição.
Na mostra, mais de 30 trabalhos da artista, muitos deles inéditos, apresentam olhares sobre as realidades interioranas e a pesquisa sobre a ancestralidade em diversos suportes e trabalhos.
Naira é natural de Jacutinga e navega por diversas cidades do interior, como Jaú e sua cidade natal. “Sou do interior de Minas Gerais e hoje moro na cidade grande, entre Ribeirão Preto e Lisboa, mas retorno para esses lugares pois eles são faíscas que viram chamas para minha criatividade e minha produção artística”, afirma a artista.
Entre a produção das pinturas presentes na exposição estão nas telas as características que Naira deposita pigmentos endurecidos, próximos a sua realidade, sobre chassis montados com teleiros (elemento muito presente em diversos contextos da vida rural) de modo a quase realizar um ponto-cruz de tinta sobre esses vazios, criando uma tecitura (fios entrelaçados) de cores e paisagens que agregam elementos pictóricos (imagens) e abstratos às paisagens que compõe.
A série conta com vídeos, objetos, instalações escultóricas e sonoras. O limiar do ritual, da performance e dos limites das moradias vão sendo borrados e reconhecidos no trabalho de Naira.
“Tudo começou com João Cabral de Melo Neto e a ‘Educação Pela Pedra’. O livro era muito incompreensível para mim, mas eu queria muito ler. E nesse momento eu li o livro em 15 dias, três vezes. Muitos dos títulos dos trabalhos são trechos ou versos do livro. O Sertão, seja ele de Minas Gerais, do Piauí, ou de Portugal, esse sertão no sentido mais amplo de um interior, é um só”, pondera Pennacchi. A pesquisa sobre os saberes ancestrais continua no próximo ano e tem projetos para realizar esse levantamento também do lado de lá do oceano.
O interesse pelo futuro ancestral vem desde criança. “Tinha sede em participar e rever as tradições e saberes populares que já não se encontram mais no interior de Minas Gerais, mais precisamente em minha cidade natal, Jacutinga. A cartografia desse meu interesse foi despertada pela convivência com meus pais, avós, comunidade local, rural e urbana de onde nasci e cresci”, diz.
Naira é neta de bordadeira, de onde herda as artes têxteis que integram elementos de seus trabalhos, e teve contato com as obras do desenhista, pintor, muralista e ceramista ítalo-brasileiro Fulvio Pennacchi, que foi integrante do Grupo Santa Helena, juntamente com Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Aldo Bonadei, ainda na infância.





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08/08/2025 at 13:14